quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Olhos nos olhos # Parte I

 # Alice

[...] Passava pouco das dez da manhã quando acordou. Esgueirou-se para a janela e afastou os longos cortinados da frente. O dia amanheceu cinzento e chuvoso, como já se fazia prever na noite anterior, pensou ela quando se lembrou da manta extra que tinha ido buscar para a aconchegar. A vida no campus era confortável o suficiente para se lamentar da sua inevitável partida, mas sabia que estava na altura de sair da 'bolha' e conhecer a realidade do mundo. E isso seria uma coisa boa, uma chance de começar de novo. O pensamento alegrou-a. Saltou do pijama para uns jeans de ganga azul e uma camisola quente, um casaco e umas botas altas completaram a indumentária aconselhada para um dia chuvoso. Desceu as escadas e agarrou um café enquanto se dirigia para aquele que seria o seu último exame de mestrado. Depois disso seria como um passarinho livre, à procura do próximo galho seguro para construir um novo ninho. Mas antes disso tinha que passar no exame. - Tenho mesmo que passar no exame - pensou ela enquanto procurava focar-se no que é realmente importante agora. Tinha que terminar o exame e encontrar o próximo rumo. Já que para sua casa, a casa onde cresceu, não podia voltar. Nunca mais. [...]

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

# queda das folhas

Tempo. 
Sou só eu ou o tempo tem passado por nós com uma força indomável, mas a pezinhos de lã, para não darmos por ele, e quando olhamos para trás já passou quase mais um ano. Os ares quentes de Verão já se despediram de nós, a muito custo, para dar lugar às brisas frescas de um Outono que nos dá as boas vindas. Por todo o lado vai pintando ruas e avenidas com as folhas envelhecidas das árvores da nossa cidade, brindando assim os nossos olhos com uma paisagem digna de um quadro de Van Gogh. E é tão bom viver assim. Longos passeios pela calçada, irregular e gasta, lembram-me da mão quente da minha avó enquanto me levava para procurar os primeiros assadores de castanhas. Um prazer que era muito nosso, como sentir o cheiro do entardecer, sentadas num banco do jardim, vendo o tempo passar e a pensar na sorte que tínhamos, por poder desfrutar da companhia uma da outra e ver toda aquela beleza imponente. Por mais Outonos que veja chegar, vou sempre recordar estas fotografias, que só existem na minha memória. Nostalgia, sim. Mas não imagino a minha vida sem a recordação da criança que fui, é dela que vem a mulher que sou hoje. Abraço estas recordações de Outonos passados com olhos postos nos que ainda estão para vir, enquanto saboreio uma chávena de café e partilho histórias com vocês.
E é assim que dou as boas vindas à estação mais carismática de todas, que seja um lindo e aconchegante Outono.





"Mesmo deixando algo por fazer, toda a gente deve ter tempo para parar e, em silêncio, olhar o esvoaçar das folhas."
- Elizabeth Lawrence

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Vida, uma longa jornada

A maior das jornadas tem sido aquilo a que chamamos vida. Alguns dizem que sou louca por viver à beira do abismo, outros que sou inconstante como o vento porque mudo constantemente de direção, e ainda há quem diga que sou apenas uma mulher que traz o oceano no coração, consciente da força que ele tem. Não quero o mundo inteiro, pois sei que não é esse o meu caminho e não é essa a forma como eu quero viver. Quero sim chegar à lua e às estrelas sem tirar os pés do chão, quero alcançar os meus sonhos sem me esquecer de quem sou e de onde venho. Quero ter sempre comigo aqueles que têm sido os meus companheiros de viagem, aqueles ombros cheios de amizade e amor que me têm relembrado que eu tenho asas, nos dias em que esqueço como se voa. Não tenhamos pressa mas não percamos tempo, o nosso caminho começa agora.
E vocês, até onde querem chegar?


sexta-feira, 7 de agosto de 2015

# como traçar o teu caminho

Vida.
Destino.
Karma.
Três palavras que me dão que pensar. São apenas palavras como tantas outras por ai espalhadas ao vento. Soltas, elas dão asas a várias reflexões que nos tocam no coração. Mas juntas, são uma arma poderosa que me faz questionar toda a nossa existência e qual é o melhor caminho a percorrer para chegar ao meu destino. Mas qual é o meu destino? Estou no caminho certo ou vou falhar a minha meta? Será que estou a fazer algo mal e não consigo ver? Terei estas respostas por perto se abrir bem os olhos?  
Bem, estas são questões que pairam pela minha cabeça, atormentando-me como uma manhã de nevoeiro mas sei, que no fundo, não sou a única a tê-las. Se descobrir as respostas partilho-as convosco, deve haver muitos curiosos por ai. Pois partilho então o que realmente sei.
Sei que, seja qual for o destino ainda há um longo caminho a percorrer. Há metas por definir e muitos sonhos para realizar. Nunca esquecer também de não ter apenas a meta em mente, e saber aproveitar o caminho e todas as boas descobertas que ele trouxer. Sei também que tenho um companheiro de viagem que entrou na minha vida há dois anos atrás, e por isso eu não podia estar mais grata. Ele vai comigo à descoberta, e juntos eu sei que podemos conquistar o mundo.
E vocês também podem. Inspirem o vosso caminho e sei que vão chegar onde quiserem. Sejam livres, sejam selvagens. Boa viagem!




"Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo."
José Saramago





quarta-feira, 29 de julho de 2015

# alma(s) de mulher

Tenho cá para mim, que numa mulher moram várias almas, inquietudes e virtudes, medos e sonhos. Uma mulher traz sempre o oceano no coração, se não acreditas chega aqui, encosta o teu ouvido ao meu peito e diz-me o que ouves. O mar é uma força da natureza indomável, assim é o coração de uma mulher. Louco é aquele que pensa poder domá-lo e percebe-lo, mas cedo desistem. Tudo faz sentido quando me sento na areia, de cabelos ao vento e caneta na mão, coloco os olhos nas ondas e inspiro esta doce maresia. Há algo de paradoxal no mar, nas ondas que chegam e nas que partem, nele há tanta inquietação como calmaria. É nesse paradoxo que fico deliciada e arrumo os meus pensamentos e recordações, e procuro soluções e respostas. O mar é meu amigo e bom concelheiro, até mesmo nas vezes em que o coração me falha e já não tenho voz para gritar.



sexta-feira, 17 de julho de 2015

the best of me

"O melhor de mim" é o título de um filme extraordinário que acabei de ver baseado no romance de Nicholas Sparks que, cliché ou não, é um dos dos meus autores favoritos. Confesso que ainda não tive tempo para ler o livro e acabei por quebrar a promessa que fiz a mim própria, não resisti. Até agora não me arrependo mas não consigo parar de pensar no quanto o filme me maravilhou, e se assim foi, sei que o livro me vai surpreender e vai ser ainda melhor. É uma história que nos transporta para o mais efémero e eterno sentimento que mudará para sempre a vida das suas personagens. Envolvente, e de forma muito inteligente, dá-nos a conhecer a emocionante história de vida que está por trás da história de amor de Amanda e Dawson. É absolutamente delicioso, aconselho!










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